O forasteiro pensava em coisas que todo homem, quando chega numa certa altura da vida, não tem mais como fugir:
paz, presença… e uma mulher que não se entrega fácil — mas quando se entrega, arde.
Túlio não era mais um menino.
Já tinha se provado, se perdido, se reconstruído.
Agora, buscava algo raro: um olhar que o fizesse esquecer todos os outros corpos que já teve.
E por mais que dissesse a si mesmo que aquela viagem era apenas uma pausa, um sopro de silêncio no barulho da vida…
lá no fundo, ele sabia.
Homem nenhum procura calmaria quando o que ele quer mesmo é se incendiar de novo.
Chegou num jipe antigo, estalando na estrada como se cada metro rodado fosse um aviso:
“Preparem-se. Eu não vim pra passar despercebido.”
E de fato, não passou.
Cajazeiras do Norte, com sua poeira quente e alma pequena, não estava pronta pra ele.
E Dona Clo, sentada na frente do mercadinho, foi a primeira a sentir.
— Forasteiro… — murmurou, cruzando os braços sob o avental florido.
Mas não era medo no olhar.
Era excitação disfarçada de julgamento.
Lívia, por outro lado, não viu o jipe chegar.
Não precisou.
Ela sentiu antes mesmo de o motor desligar.
Era como se o universo tivesse dado uma pausa no tempo só pra avisar:
“Hoje, algo vai mudar. E vai começar dentro de você.”
Estava no bar, limpando copos, corpo no automático, mente distante.
Até que um arrepio cortou suas costas como se alguém tivesse tocado, mesmo sem encostar.
Ela levantou os olhos.
E viu.
Túlio.
Ele entrou como quem conhece os códigos invisíveis da sedução.
Como quem aprendeu que a verdadeira presença não precisa de palavras — só de intensidade.
O corpo dele era feito de estrada.
A barba por fazer, o olhar firme, e uma camisa de linho semiaberta que deixava ver um pouco mais do que devia.
Mas não era o peito.
Era a calma no jeito de andar. A firmeza no silêncio. O domínio do ambiente.
Homem que seduz sem esforço.
E mulher que sente antes mesmo de pensar.
— Tem café? — ele perguntou, com a voz rouca e lenta, como quem não tem pressa, mas sabe onde vai chegar.
Lívia sentiu a garganta secar.
— Tem, sim… forte e quente.
E pensou, sem conseguir impedir: “Como você.”
Enquanto preparava o café, fingindo normalidade, algo nela despertava.
A mulher decidida.
A fêmea que observa e também escolhe.
“Ele não me quer só com o corpo. Ele me quer com a mente. E isso… isso me dá poder.”
E ela percebeu:
“Se eu souber jogar, esse homem vira refém.”
Túlio observava.
Não o lugar.
Ela.
O jeito como mexia o cabelo.
A forma como fingia não olhar, mas olhava sim — com o canto do olho e com a ponta da alma.
Ele sorriu por dentro.
“Essa sabe o jogo. E vai ser bom jogar com ela.”
Não queria uma mulher fácil.
Queria uma mulher interessante.
Que o olhasse nos olhos como quem desafia.
Que não tremesse, mas também não escondesse o impacto.
Ele pensava em como os homens hoje desaprenderam a seduzir.
Querem pressa. Querem posse.
Mas sedução de verdade é arte lenta.
“Seduzir é deixar a outra pessoa imaginar. Criar. Se perder. Sentir que escolheu se entregar. Mesmo quando foi você quem conduziu tudo.”
E era isso que ele fazia ali.
Plantava desejo como quem planta fogo num campo seco.
Ela serviu o café.
Ele pegou a xícara devagar, sorveu, e a encarou.
— Bom café.
— Receita da casa… segredo de família.
Ele se inclinou um pouco.
— Gosto de segredos.
Aquele momento durou segundos.
Mas foi o bastante pra que ambos soubessem que a partida tinha começado.
E que nenhum dos dois sairia ileso.
Naquela noite, Lívia deitou sem sono.
O corpo pedia descanso, mas a mente insistia em Túlio.
Ela se perguntou, entre pensamentos e calores:
“O que será que ele vê em mim?”
Mas a pergunta certa era:
“O que será que ele já despertou dentro de mim que nem eu sabia que existia?”
E Túlio, deitado no colchão duro da pousada, fitava o teto e sorria.
Sabia que ia conquistá-la.
Não por palavras.
Não por promessas.
Mas porque…
“Quando uma mulher aprende a se ver pelos olhos de um homem que deseja de verdade… ela muda. E nunca mais volta a ser a mesma.”
E ele estava ali pra isso.
Pra virar tudo ao avesso.
E ensinar, com o corpo e o silêncio, o verdadeiro poder da sedução.
[Dica de Conquista]
E se você estivesse lá, se visse como ela o olhava e como ele a dominava com gestos mínimos…
você também ia aprender.
Porque sedução, meu amigo…
se aprende lendo.
Se aprende sentindo.
E se vive com quem sabe jogar.
Tem olhares que atravessam.
Outros, que desnundam.
E tem aqueles que queimam por dentro, sem pedir permissão — e sem deixar escolha.
Era esse tipo de olhar que Túlio lançava.
Lívia sentia o corpo quente, mas não era o calor do sertão.
Era outra coisa.
Um calor mais profundo, mais perigoso.
O tipo de calor que derrete resistências e acende vontades adormecidas.
Ela se pegava pensando: “Ele sabe. Ele sabe exatamente o que tá fazendo comigo.”
E sabia mesmo.
Porque esse era o dom de Túlio:
Fazer a mulher sentir que está no controle… enquanto ele comanda tudo nos bastidores do desejo.
O bar já estava quase vazio.
A cidade dormia cedo, mas aquela noite parecia insistir em ficar acordada.
Túlio permanecia no mesmo lugar, como se fosse parte do cenário.
Mas era ele quem movia o ambiente com o silêncio.
Lívia limpava os últimos copos, fingindo normalidade.
Mas cada passo dela era estudado.
Cada gesto, observado.
Ela sabia que estava sendo analisada.
E isso fazia com que seu corpo se comportasse como uma performance — mesmo que inconsciente.
A forma como ela passava o pano no balcão.
Como mordia o lábio distraidamente.
Como lançava um olhar rápido e desviava logo depois.
Tudo isso era leitura pra ele.
E Túlio lia mulheres como quem lê poesia antiga — devagar, saboreando cada verso.
— Esse bar é seu? — ele perguntou, com voz baixa, íntima, como se estivesse falando só com a pele dela.
— Era do meu pai. Agora… é meu, sim.
— Gosto de mulheres que cuidam do que é delas.
Lívia sorriu. Um sorriso curto, com gosto de desafio.
— E você? Veio cuidar de quê?
Ele a encarou. Firme. Intenso. Como se ela fosse a única coisa viva no mundo naquele momento.
— Vim cuidar de mim. Mas quem sabe… não descubro algo mais que mereça meu tempo.
Aquela resposta não era só uma frase.
Era uma provocação calculada.
Um convite disfarçado de conversa fiada.
Lívia sentiu as pernas perderem a firmeza por um segundo.
Mas não mostrou.
Mulher inteligente não entrega o jogo no primeiro tempo.
Do lado de dentro, o vulcão já estava ativo.
E no pensamento dela, ele já tinha tirado a camisa.
Já a tinha puxado contra o peito.
Já sussurrava palavras que não se dizem em voz alta nem dentro de igreja.
Mas ela se segurava.
Porque o prazer da conquista não está só no toque.
Está no atraso do toque.
Na expectativa.
Na arte de quase acontecer.
Do lado de fora, Túlio mantinha a postura tranquila.
Mas por dentro, ele já havia feito o trajeto inteiro:
Da nuca dela até os joelhos.
Do jeito como ela penteava o cabelo até o som da respiração.
E se havia uma coisa que ele sabia com maestria…
era ler onde uma mulher quer ser tocada, mesmo quando ela finge que não quer.
“Ela não precisa se despir pra eu ver onde dói.
Nem falar pra eu saber onde pulsa.”
Essa era a vantagem de um homem que já errou o suficiente pra entender que o segredo da sedução não tá no que se diz —
mas no que se cala com os olhos.
— Vai ficar por aqui quanto tempo? — ela perguntou, tentando soar casual.
Ele deu um gole no café já frio.
Sorriu de canto.
— O tempo que for necessário pra descobrir o que eu vim buscar.
Ela o olhou por dois segundos a mais do que devia.
E nesses dois segundos, a tensão se instalou no ar como perfume forte.
Densa. Quente. Perigosa.
Do lado de fora, o vento soprava poeira.
Do lado de dentro, a pele pedia proximidade.
Mas nada aconteceu.
Ainda.
Porque a verdadeira excitação está no controle.
No saber parar quando o corpo pede pra ir.
No saber olhar e não tocar.
No saber calar e dizer tudo.
Naquela noite, Lívia não dormiu.
Virava de um lado pro outro, com o corpo elétrico e os pensamentos sujos.
E num lampejo de ousadia, ela se perguntou:
“Será que ele pensa em mim como eu penso nele?”
Mal sabia ela que, do outro lado da cidade, numa cama desconhecida…
Túlio mordia o lábio com um meio sorriso.
Pensava nela.
Na firmeza dos olhos.
Na curva dos quadris.
Na força disfarçada de doçura.
E pensava:
“Ela ainda não sabe…
Mas quando se render, não vai se esquecer de mim por muito tempo.”
[Dica de Conquista]
Porque quem aprende a se comunicar com o olhar, domina o corpo.
E quem lê essa história…
Começa a entender o que os sedutores de verdade nunca dizem em voz alta.